terça-feira, 13 de março de 2012

Aprendizagem Significativa e Mapas conceituais

 Para compartilhar com meus colega professores essa idéia de Marco Antonio Moreira acerca da aprendizagem significativa e mapas conceituais, que se embasa em Ausubel.


Mapas conceituais e aprendizagem significativa
Como a aprendizagem significativa implica, necessariamente,  atribuição de significado
idiossincráticos, mapas conceituais, traçados por  professores e  alunos, refletirão tais significados.
Quer dizer, tanto mapas usados por professores como recurso didático como mapas feitos por
alunos em uma avaliação têm componentes idiossincráticos. Isso significa que não existe mapa
conceitual “correto”. Um professor nunca deve apresentar aos alunos o mapa conceitual de um
certo conteúdo e sim um mapa conceitual para esse conteúdo segundo os significados que ele atribui
aos conceitos e às relações significativas entre eles. De maneira análoga, nunca se deve esperar que
o aluno apresente na avaliação o mapa conceitual “correto” de um certo conteúdo. Isso não existe.
O que o aluno apresenta é o seu mapa e o importante não é se esse mapa está certo ou não, mas
sim se ele dá evidências de que o aluno está aprendendo significativamente o conteúdo.
Naturalmente, o professor ao ensinar tem a intenção de fazer com que o aluno adquira
certos significados  que  são  aceitos no contexto da matéria de ensino, que são compartilhados por
certa comunidade de usuários. O ensino busca fazer com que o aluno venha também a compartilhar
tais significados. Mapas de conceitos podem ser valiosos na consecução desse objetivo e podem
fornecer informação  sobre como está sendo alcançado. Todavia, mapas conceituais  -- tanto do



aluno como do professor -- têm significados pessoais.  Basta pedir a dois professores, com igual
conhecimento, que tracem um mapa de conceitos para certo conteúdo: seus mapas terão
semelhanças e diferenças. Os dois mapas poderão evidenciar bom entendimento da matéria sem que
se possa dizer que um é melhor do que outro e muito menos que um é certo e outro errado. O
mesmo é válido em relação a mapas conceituais traçados por dois alunos na  avaliação da
aprendizagem de um mesmo conteúdo. Contudo, é preciso cuidado para não cair em um relativismo
onde “tudo vale”: alguns mapas são definitivamente pobres e sugerem falta de compreensão.
No momento em que um professor apresentar para o aluno um mapa conceitual como sendo
o mapa correto de um certo conteúdo, ou no momento em que ele exigir do aluno um mapa correto,
estará promovendo (como muitos outros recursos instrucionais) a aprendizagem mecânica em
detrimento da significativa. Mapas conceituais são dinâmicos, estão constantemente mudando no
curso da aprendizagem significativa. Se a aprendizagem é significativa, a estrutura cognitiva está
constantemente  se reorganizando por diferenciação progressiva e reconciliação integrativa e, em
conseqüência, mapas traçados hoje serão diferentes amanhã.


10
De tudo isso, depreende-se facilmente que mapas conceituais são instrumentos diferentes e
que não faz muito sentid o querer avaliá - los como se avalia um teste de escolha múltipla ou um
problema numérico. A análise de mapas conceituais é essencialmente qualitativa. O professor, ao
invés de preocupar-se em atribuir um escore ao mapa traçado pelo aluno, deve procurar interpretar
a informação dada pelo aluno no mapa a fim de obter evidências de aprendizagem significativa.
Explicações do aluno, orais ou escritas, em relação a seu mapa facilitam muito a tarefa do professor
nesse sentido.
Seguramente, tudo o que foi dito até aqui sobre mapas conceituais pode dar idéia de que é
um recurso instrucional de pouca utilidade porque é muito pessoal e difícil avaliar (quantificar). De
fato, de um ponto de vista convencional, mapas conceituais podem não ser muito atraentes nem para
professores, que podem preferir a segurança de ensinar conteúdos sem muita margem para
interpretações pessoais, nem para alunos habituados a memorizar conteúdos para reproduzi-los nas
avaliações. No ensino convencional não há muito lugar para a externalização de significados, para a
aprendizagem significativa. Mapas conceituais apontam em outra direção, requerem outro enfoque
ao ensino e à aprendizagem.
Conclusão
Aparentemente simples e às vezes confundidos com esquemas ou diagramas organizacionais,
mapas  conceituais são instrumentos que podem levar a profundas modificações na maneira de
ensinar, de avaliar e de aprender. Procuram promover a aprendizagem significativa e entram em
choque com técnicas voltadas para aprendizagem mecânica. Utilizá -los em toda sua potencialidade
implica atribuir novos significados aos conceitos de ensino, aprendizagem e avaliação. Por isso
mesmo, apesar de se encontrar trabalhos na literatura ainda nos anos setenta, até hoje o uso de
mapas conceituais não se incorporou à rotina das salas de aula.
Mas há relatos de estudos com mapas conceituais nas mais diversas áreas e em todos os
níveis de escolaridade (Novak e Gowin, 1996). A Figura 4 é um mapa na área da literatura tirado
de um estudo nessa área (M. Moreira, 1988) para corroborar esta afirmativa . Para concluir ,
provendo ao leitor mais um exemplo de mapa conceitual, a Figura 5 mostra um mapa na área de
epistemologia.
Apêndice
No apêndice apresenta- se um breve roteiro que poderá ser útil na construção de mapas
conceituais. Este roteiro não deve ser considerado uma “receita” para fazer mapas conceituais.
Referências
Ausubel, D.P., Novak, J.D. and Hanesian, H. (1978).
Educational psychology.
New York: Holt,
Rinehart and Winston. Publicado em português pela Editora Interamericana, Rio de Janeiro, 1980.
Em espanhol por Editorial Trillas, México, 1981. Reimpresso em inglês por Werbel & Peck, New
York, 1986.
 
Ausubel, D.P. (2003).
Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva.
Lisboa: Plátano Edições Técnicas.  Tradução de
The acquisition and retention of knowledge: a
cognitive view.
(2000). Kluwer Academic Publishers
.
Gobara, S.T. e Moreira, M.A. (1986). Mapas conceituais no ensino de Física.
Ciência e Cultura,
38
(6): 973-982.
Moreira, M.A. (1980). Mapas conceituais como instrumentos para promover a diferenciação
conceitual progressiva e a reconciliação integrativa.
Ciência e Cultura
,
32
(4): 474-479.
Moreira, M.A. (1983).
Uma abordagem cognitivista no ensino da Física
. Porto Alegre: Editora
de Universidade.
Moreira, M.A. e Buchweitz, B. (1993).
Novas estratégias de ensino e aprendizagem: os mapas
conceituais e o Vê epistemológico
. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
Moreira, M.A. e Masini, E.F.S. (1982)
Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem
de Da vid Ausubel.
São Paulo: Editora Moraes.
Moreira, M.A. e Masini, E.F.S. (2006)
Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem
de David Ausubel.
São Paulo:  Centauro Editora. 2ª edição.
Moreira, M.A. (2000).
Aprendizaje significativo: teoría y práctica.
Madrid: Visor.
Moreira, M.A. (1999).
Aprendizagem significativa
. Brasília: Editora da UnB.
Moreira, M.M. (1988) The use of concept maps and the five questions in a foreign language
classroom: effects on interaction. Tese de doutorado. Ithaca, NY, Cornell University.
Novak, J.D. Gowin, D.B. (1996)
Aprender a aprender
. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
Tradução de Learning how to learn (1984). Ithaca, N.Y.: Cornell University Press.